Saiba como foi o primeiro dia do evento organizado pelo FIBE na Casa da América Latina, em Lisboa.
A inovação social deve ter apenas um foco: o capital humano – seja na concepção de projetos que transformem realidades, de uma boa legislação ou da proteção do trabalhador, diante da revolução digital – e o primeiro dia dos Duetos – Diálogos Além-Mar apresentou soluções e desafios de Portugal e do Brasil, por meio de diversos painéis.
Realizado pelo Fórum de Integração Brasil Europa – FIBE, com a presença de importantes especialistas e autoridades, o Duetos é um evento paralelo à Cimeira Luso-Brasileira justamente pela oportunidade de ampliar a integração entre os dois países.
O primeiro dueto do dia, intitulado “Inovação Social e seus Impactos”, apresentou o criativo conceito do programa homônino de Portugal, além de apresentar novas perspectivas para atuação conjunta da iniciativa pública e privada para promover mudanças em diferentes campos sociais. O empreendedor social Filipe Almeida; o presidente do projeto Inovação Social, Arthur Pugliese, e a diretora do Empreendedorismo de Coimbra, Tânia Covas, falaram sobre como Portugal e Brasil convergem neste quesito.
«O ponto comum da inovação social são pessoas. Então, este processo de tornar o invisível visível, de desavergonhar pessoas, de empoderar pessoas, é um processo que antecede as execuções dos projetos e que, para mim, e para outros desenvolvedores sociais, é ação social», opinou Arthur Pugliese.
Moderadora do painel, Tania Covas fez um importante contraponto: «Portugal tem tido um papel muito significativo na estruturação do pensamento sobre inovação social. O Brasil tem um papel muito significativo na implementação de projetos. Enquanto um tem uma teoria muito bem estruturada, o outro tem uma pratica muita referenciada. Precisamos juntar o melhor dos dois».
Filipe Almeida também destacou a importância da integração entre os dois países. «Em Portugal, há um regime de política pública para promover a inovação social e iniciativas de impacto. O Brasil também tem uma estratégia nacional de investimento em negócios de impacto. A escala é diferente, e não há os mesmos instrumentos que temos em Portugal, mas temos mantido algum diálogo com instituições centrais e sei que o Brasil é uma fonte de aprendizagem para muito do empreendedorismo que está ser desenvolvido em Portugal. Essa parceria é ativa e existe».
O dueto “Trabalho e Impactos da Revolução Digital” reuniu André Portela, pesquisador da FGV, e Matilde Lavouras, da Universidade de Coimbra, com moderação de José Roberto Afonso, vice-presidente do FIBE. “A transformação digital está apenas começando. Como, então, proteger o capital humano?”.
«A revolução tecnológica potencializa a produtividade humana, de uma maneira nunca vista antes. Temos mais bens e serviços para todos, mecanismos que, quando bem desenhados, beneficiam a todos. As ocupações destruídas por estas tecnologias, criam novas ocupações. Como proteger o capital humano? Desenvolvendo mecanismos para que as pessoas transitem de uma velha ocupação para uma nova», defendeu André Portela.
«Não sendo possível parar a revolução digital nem sendo desejável que isto aconteça, a melhor forma de proteção é criar normas para o trabalho no trabalho e além do trabalho. No trabalho, enquanto ele é prestador, mas também fora do trabalho, nomeadamente, por razoes tecnológicas, quando se vê desempregado. E esta proteção não deve ser só através da atribuição de subvenções, mas através de uma procura ativa de emprego adequado à essa proteção».
Já o dueto “Coesão e Articulação Social” reuniu Raimunda Nonata Monteiro, secretária-Adjunta do CDESS (Conselhão), e Francisco Assis, presidente do CES, com moderação de João Gabriel de Lima. Representantes das respectivas sociedades civis, os dois trocaram experiências sobre os diferentes arranjos institucionais de cada país, opinando sobre como reforçar os mecanismos de participação social no processo político. Após o painel, foi assinado um acordo de cooperação técnicas entre os dois.