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Ministro e presidente da VALE falam de ambiente, aprendizado e tragédia em Lisboa

Fórum Futuro ESG arrancou nesta quarta-feira, com abertura do economista e vice-presidente do FIBE, José Roberto Afonso, e continua até a sexta-feira, com entrada gratuita.

“Transformai as velhas formas do viver/Ensinai-me, ó, Pai, o que eu ainda não sei/Mãe Senhora do Perpétuo Socorrei”. Com versos de Tempo rei, de Gilberto Gil, José Roberto Afonso, vice-presidente do Fórum de Integração Brasil Europa – FIBE, fez a abertura do Fórum Futuro ESG, reafirmando o conceito do evento, que pretende contribuir para a aplicação dos critérios da sigla — que demandam uma sociedade menos desigual, mais sustentável e mais bem governada.  

O economista também destacou que, com os desafios que as sociedades mundiais enfrentam, a ajuda de Nossa Senhora de Fátima também é necessária. “Por isso, esse fórum foi organizado no diálogo, entre especialistas e autoridades, do Brasil e da Europa, na busca por soluções concretas e integradas dentro do ESG”, completou.  Junto a ele, nas boas-vindas o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro; a professora do Instituto de Economia da UFRJ, Beatriz Azeredo; o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, e a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan Tuma, que receberá a COP-30.  

Imagens: Cláudio Noy/FIBE/Divulgação

O primeiro painel do fórum, que ocupará uma das salas da Culturgest, em Lisboa, desta quarta (1) até sexta-feira (3), retratou a situação global do ESG, com debate do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o diretor-presidente da VALE, Eduardo Bartolomeo, com moderação do jornalista Luiz Gonzales.  

O ministro Gilmar Mendes começou tratando justamente da questão ambiental, o enviroment do ESG. “Temos muitos desafios, como todos sabem, certamente isso vai ser discutido aqui, considerando cases internacionais. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a dependência muito acentuada do gás russo, afetou a vida das pessoas em suas próprias casas e a Alemanha, por exemplo, teve que fazer uma viagem de volta para as minas de carvão. Tem também a questão da energia nuclear na França, que é considerada como energia limpa. Portanto, a conceptualização também se coloca. Acho que de alguma forma, agora, é pensar no que é que podemos fazer. No Brasil, temos muitas vantagens comparativas, mas também problemas ambientais como desmatamento. É importante preservar o meio ambiente, mas extrair valores económicos que permitam às pessoas sobreviverem”, comentou Mendes.  

O diretor-presidente Eduardo Bartolomeo lembrou que a VALE vive o ESG com a experiência de três países, de uma forma efetiva: “na Indonésia, que é um país muçulmano; no Brasil, um país hipercomplexo, e no Canadá, que é um país OCDE, de primeiro mundo, que já se encontrou”. Assim sendo, ressaltou que a VALE tem a visão do mundo diferente, também como produtor de insumos primários. “Semana passada, estava no Oriente Médio, que está se preparando a sua transição energética. Um país que se beneficia do petróleo e do carboneto, mas está com um olho no futuro”, ressaltou, admitindo que o Brasil poderia ter entrado nesta agenda de uma forma proativa. Questionado por Luiz Gonzales, Eduardo Bartolomeo comentou a tragédia de Brumadinho.  

“Foi uma tragédia. A gente não pode voltar o relógio, mas pode fazer tudo diferente e agora tem feito de uma forma muito profunda porque a gente precisava provar. A VALE acabou sendo uma empresa que precisou se reconhecer, a gente olhou para dentro. O primeiro aprendizado, que era muito arrogante, era um senso de infalibilidade muito, muito perigoso para uma companhia. Então, a gente aprendeu que erra e que tem que se preparar para o erro”, comentou.

Bartolomeo citou como a VALE usou a governança, neste processo. Hoje, temos um controlo absoluto das nossas barragens, sabemos exatamente o que acontece em cada uma delas. É uma empresa que, como efeito colateral, é muito mais segura, que está melhor, tem a menor taxa de mineração, o que não é um grande orgulho porque ainda é o dobro do setor petroquímico. Então, é um processo de aprendizado contínuo. Na Indonésia, a gente é uma referência. No Brasil, temos um papel de indutor na agenda ESG, como muito apoio do governo. Inclusive, pela questão do triple helix — que é a ação conjunta do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil”.  

Marco temporal, mineração e greenwashing também foram temas da conversa, que será publicada, em breve, no canal do FIBE no YouTube.

Conheça a programação completa do Fórum Futuro ESG.