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Primeiro dia do Fórum Futuro ESG trata de sustentabilidade, justiça ambiental e diversidade 

Evento realizado pelo FIBE arrancou nesta quarta-feira, com abertura do economista e vice-presidente do FIBE, José Roberto Afonso, e continua até a sexta-feira, com entrada gratuita. 

Imagens: Cláudio Noy/FIBE/Divulgação

“O capitalismo retirou o pertencimento de nos reconhecermos natureza. Portanto, se a gente não se reconhece enquanto natureza, pouco como vamos fazer por ela ou vamos nos mobilizar em defesa dela“, defendeu Vanda Witoto, da rede Concertação pela Amazônia, no último painel do dia de abertura do Fórum Futuro ESG, que decorre até esta sexta-feira (3), em Lisboa.  

Intitulada O Poder das Coalizões, a conversa reuniu também Federica Marchionni, da Global Fashion Agenda; Anabela Vaz Ribeiro, diretora-executiva da Global Compact Network Portugal, que também fez duras críticas cao capitalismo desenfreado: ” Há  um esforço do setor privado de ouvir mais, mas o ESG em Portugal tem uma perspectiva totalmente financeira”, afirmou. Com moderação da advogada Laís Porto, as convidadas debatream sobre temas como justiça ambiental, visibilidade e direitos indígenas (“Os povos da Amazônia reinvindicam serem escutados”, afirmou Witoto) e o poder da articulação, da colaboração e do aprendizado entre diferentes atores, a artista Giulia Yoshimura finalizava a pintura de uma obra no palco da Culturgest.  

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Na defesa de que a cultura perpassa cada um dos critérios representados pelo ESG (governança ambiental, social e corporativa), o viés cultural pautou o painel imediatamente anterior: Produção de imaginários: o papel fundamental da cultura e da arte. A incontestabilidade da arte foi comentada de forma horizontal por todos os convidados: Bruna Baffa, diretora do Museu do Amanhã; Floriam Wupperfeld, do Leading Culture Destinations e ESG Innovation Collective; Rosalia Vargas, presidente da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva; e Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, que citou Ferreira Gullar (“a arte existe porque a vida não basta”). O debate tratou da cultura no viés da educação e da ciência, como defendeu Rosalia Vargas. “A pergunta é sempre mais importante. Porque a resposta em ciência é em tudo. Por isso, mesmo que emocionados, estejamos atentos e críticos, para mudar comportamentos”. Hugo Barreto também reiterou a importância da cultura estar em diferentes debates: “Eu espero que conversas como essa, não tão triviais em fóruns ESG, sigam inspirando reflexões”. 

Os critérios como Agenda de Estado foram debatidos no painel anterior. Com moderação de Luiz de Mello, diretor de Policy Studies do Departamento de Economia da OCDE, e as contribuições do economista Jaime Quesado; da ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do Brasil, Esther Dweck, e do secretário de Política Econômica do Brasil, Guilherme Mello, que comentou: “A agenda da sustentabilidade, por muito tempo, foi vista como um custo. A preservação do futuro da humanidade era vista como um inimigo, um adversário do desenvolvimento. E o desmantelamento dos órgãos ambientais, como o Ibama, é uma evidência empírica dessa visão”, alertou. A ministra Esther Dweck acrescentou que o pilar da transformação ecológica vem se transformando num elemento fundamental da estratégia de desenvolvimento, um elemento-chave no processo de desenvolvimento e crescimento económico, distribuição de renda, salário, geração de empregos. O imposto seletivo que pode incidir também sobre atividades danosas à saúde e ao meio ambiente, complemento à aprovação da reforma tributária, também foi conversado.  

O programa do primeiro dia incluiu ainda um keynote speach de Pedro Hartung, que apresentou o XPrize Rainforest, a decorrer em Manaus, em 2024. O segundo painel do dia 1 tratou da diversidade, reunindo reuniu Alice Khouri, fundadora do Women in ESG Portugal; Jandaraci Araújo, cofundadora do Conselheira 101; Wolf Kos, presidente do Instituto Olga Kos;  Daniela Salomão Gorayeb, chefe de assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, com moderação de Beatriz Azeredo, professora do Instituto de Economia da UFRJ. “Sou um homem branco, alto, calvo. Aprendi que, na vida, ou se aprende pelo amor ou pela dor. Meu pai esteve em 13 campos de concentração, mas o Brasil o acolheu e ele conseguiu criar filhos e netos. Procuro devolver o que recebi. É a atitude que vai mudar o mundo. Ela não é autodeclatória. Tem de ser medida, acreditada e avaliada. Esse exercício contante de sempre pensar nos meus privilégios, que me rementem a esse lugar”, comentou Wolf Kos. 

Daniela Salomão Gorayeb endossou a importância da atitude, afirmando que “não há conquistas perenes, se não houver movimentos constantes de resistência. Muitas das oportunidades que vemos hoje é por causa do represamento destas demandas, de forma persistente no passado. Cito como exemplo a Lei de Cotas, uma das atitudes mais afirmativas do Brasil, que, quando foi efetivada, parou os concursos públicos. Ou seja, além de criar leis, é preciso de dar formas de efetividade”. “Num momento de tantos desafios complexos, a gente não pode ter uma visão única na tomada de decisões”, defendeu também Jandaraci Araújo.  

Todos os painéis serão publicados, em breve, no canal do FIBE no YouTube. 

Conheça a programação completa do Fórum Futuro ESG.