Diretor da OCDE, Luiz de Mello foi um dos debatedores dos painéis do Workshop Investimentos e Tributação, que decorre no Centro Cultural e Científico de Macau, em Lisboa.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – OCDE estima que US$ 200 bilhões sejam perdidos em razão da crise climática. Dos desastres ambientais que precisam estar nos focos dos investimentos globais à transição energética, as principais perspetivas macroeconómicas no cenário mundial deram o tom dos debates O cenário económico mundial dos investimentos, terceiro painel do Workshop Investimentos e Tributação.
Além de chamar a atenção para a inação na mitigação das condições climáticas extremas, o diretor da Secção de Estudos Políticos do Departamento Económico da OCDE, Luiz de Mello, ratificou a transição de investimentos tangíveis para intangíveis. «O mundo está investindo em intangíveis», citando a transição energética e a questão da previdência social, olhando para o envelhecimento populacional.
Moderado por Hadassah Santana, professora da FGV, o painel foi estratégico para entender a deficiência de capital e a questão de investimentos públicos e privados. «Os três debatedores realçaram a necessidade de construção conjunta e equilíbrio entre o privado e o publico, em especial no cenário de pressão fiscal», resumiu Hadassah.
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Ex-ministro da Fazenda do Brasil, Joaquim Levy destacou que o Brasil tem essa base para transição energética. O consultor e ex-senador Romero Jucá realçou a construção de um olhar mais econômico no contexto do meio ambiente. «É necessário enxergar os negócios que decorrem da preservação e da sustentabilidade do meio ambiente», pontuou. Sobre a integração do Brasil no cenário mundial, disse: «a gente tem que se organizar não só pra se adaptar à União Europeia, a gente tem que construir com eles», completou.

Antes, os holofotes ficaram sobre a Competição por Investimentos e Planejamento Tributário Internacional — num painel que reuniu os especialistas André Graça, Cesar Collier e Ana Cristina Reis, com moderação da empresária Esmeralda Dourado.
Intitulado Novos Padrões para Financiar Investimentos Públicos e Privados, o painel questionou os gargalos dos países, considerando as tendências mundiais: recursos, projetos, boa governança e gestão ou oportunidades? Conforme João Ricardo Catarino, professor do ISCSP, «falta tudo». «Aqui deste lado do mar, há recursos, mas a dificuldade é implementar os recursos. A esfera pública portuguesa precisa se organizar para usar os recursos disponibilizados pela União Europeia», opinou.
Edilberto Pontes de Lima, presidente do Instituto Rui Barbosa – IRB, voltou a mencionar que a taxa de investimentos brasileira é abaixo dos países emergentes, mas lembrou que «se O Brasil não deslancha, com baixa taxa de crescimento, também não se desorganiza como a Argentina», aponta Pontes de Lima.

«A modernização institucional do Brasil depois do Plano Real é imensa – cito as leis de responsabilidade fiscal, do governo digital, mas a lei não basta: como disse Carlos Drummond de Andrade, “os lírios não nascem da lei”», pontuou, ressaltando que o processo orçamentário brasileiro tem «uma fragmentação enorme, os recursos continuam escassos e, assim, a chance de ter investimentos com maior taxa de retorno é menor».
A procuradora da Fazenda Nacional Nubia Castilhos também ressaltou a «enxurrada de legislações, muitas de natureza fiscal» que trazem «complexidade ao sistema tributário brasileiro», sem esquecer que os litígios judiciais fiscais no Brasil têm grande peso. «São despesas obrigatórias da União, oriundas de sentenças judiciais, que chegam a R$ 1 trilhão. Já os gastos tributários chegam a R$ 500 bilhões, quase 5% do PIB ».
Todos os painéis do Workshop Investimentos e Tributação serão disponibilizados no YouTube do FIBE. Acompanhe a cobertura também nas redes sociais do FIBE.