Moderação foi da jornalista Rita Marrafa de Carvalho.


O Duetos Pantanal – Artivismo começou com uma conversa sobre água. A fonte da vida é também o manancial de inspiração da ideologia que move o trabalho de Luciano Candisani, coprotagonista desta edição especial do evento cultural do Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE). Metade dos painéis expostos até 6 de julho no Museu Nacional de História Natural e da Ciência até 6 de julho é dele. A outra metade é de autoria de Lalo de Almeida, com curadoria de Éder Chiodetto. O talento dos três forma a exposição ocupada pelo Duetos, intitulada Água Pantanal Fogo, de realização do Documenta Pantanal.
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«A ligação da água com a vida foi, na verdade, o que me fez pegar na câmara fotográfica como forma de expressão», respondeu Luciano Candisani à jornalista portuguesa Rita Marrafa de Carvalho, moderadora do Duetos Pantanal. «Me encantei com o mundo subaquático na adolescência, com 14 anos de idade, e peguei essa ferramenta para compartilhar o encantamento com esse universo que eu estava descobrindo. E aquilo acabou virando a minha profissão. Em 2010, quando comecei a fotografar a água do Pantanal, quase não se tinha imagens desse universo subaquático. Imagine aquele aguaceiro colossal, e qual era a identidade visual daquela água? Abracei esse projeto», contou.

Quando o Pantanal foi quase mais fogo do que água, em 2020, Lalo de Almeida deu foco à morte de milhões de animais e da vegetação nativa, num incêndio de grande intensidade. Uma área de quase 45 mil quilômetros quadrados foi queimada, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Lalo de Almeida achava que denunciaria aquela devastação “apenas” num jornal.
«O foco principal do meu trabalho sempre foi a Amazónia, mas em 2020 começaram as notícias de que os focos de incêndio estavam tomando conta do Pantanal. Entre uma viagem e outra para a Amazónia, o jornal Folha de S. Paulo nos enviou para Poconé, no Mato Grosso, e chegando à região dos incêndios a base já estava sendo evacuada», lembra. «Foi um susto, mas os incêndios acabaram me levando ao Pantanal, que estava abandonado a si próprio».
Lalo de Almeida comparou o padrão dos fogos no Pantanal e na Amazónia. «O Pantanal é menor e, como fica muito seco, tem fogo em pé, na Amazónia, não. No Pantanal, o fogo tem uma intensidade e uma velocidade que nunca tinha visto, que destrói a vegetação e deixa muitos bichos mortos no caminho. É chocante».

O artivismo do curador Éder Chiodetto foi o olhar apurado de jornalista e fotógrafo que uniu os trabalhos de Luciano e Lalo. O de Mônica Guimarães, coordenadora do Documenta Pantanal, é de documentar para transformar «informação em ação» em prol deste bioma brasileiro e da amenização da crise climática. Os quatro, juntos em Água Pantanal Fogo, têm levado este manifesto ao mundo: a exposição foi vista por 15 mil pessoas em São Paulo e 16 mil pessoas em Hamburgo, onde estreou em fevereiro e ficou até dez dias antes de chegar a Portugal. Um dos visitantes impactados é o presidente do FIBE, Vitalino Canas. Todos prestam depoimentos incontornáveis neste Duetos Pantanal.
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