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FIBE Conversa: na crise, «o Brasil não pode se aliar nem a um lado nem a outro»  

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Rubens Barbosa comenta, com exclusividade para o FIBE, estratégias diplomáticas, políticas armamentista e ambiental, COP 30 e indústria da desinformação. 

Na contramão da União Europeia, que está na iminência de assinar o 17º pacote de sanções contra a Rússia, o Brasil aumentou de 25% para 30% o índice de importação de Diesel do país de Vladimir Putin. As guerras e a política internacional norte-americana continuam convertendo-se em pressões rápidas na governança mundial e este é um dos tópicos do terceiro episódio da terceira temporada do FIBE Conversa, que tem o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), Rubens Barbosa. 

Embaixador do Brasil em Washington (1999-2004), Rubens Barbosa destacou – com exclusividade para o talk show do Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) –  a equidistância como principal arma na defesa do interesse nacional. «O Brasil vai ter que continuar negociando nas áreas econômica, financeira e comercial com os Estados Unidos e com outros países. O Brasil é uma das dez maiores economias do mundo; uma potência média regional, com 210 milhões de habitantes. Por tudo isso, o Brasil tem que ter uma posição de equidistância», defendeu.  

Assista à terceira temporada do FIBE Conversa gratuitamente

Segundo Rubens Barbosa, o Brasil não pode se alinhar a lados nem a grupo de países. «O Brasil tem que ter uma posição de independência, visando, sobretudo, a busca oficial da defesa do interesse nacional. Vamos atrás da defesa do interesse nacional na área comercial, na tecnológica, na ambiental, e vamos concordar com uns num momento, com outros, noutro momento».   

O mestre pela London School of Economics and Political Science citou a Índia como exemplo, em relação à tensão entre a China e os Estados Unidos. «Ela não está se filiando a ninguém. E nós já tivemos alinhamentos automáticos no passado, que não deram certo. O Brasil tem que ter uma posição de independência, de equidistância, sempre na defesa do interesse nacional, acima de ideologias e de partidos políticos».   

Comentando ainda a ebulição mundial causada pela nação mais poderosa do mundo, Rubens Barbosa tem a opinião de que o grande elemento que vai influir no futuro sobre o desenvolvimento dos países, tanto na área econômica quanto nas política e militar, vai ser a tecnologia. «A inteligência artificial e os avanços tecnológicos na saúde, na educação, na vida defesa, vão ser um fator muito importante para classificar os países em mais avançados e menos avançados. No caso do Brasil, em relação a tecnologia, nós estamos devendo. O Brasil teria que dar mais ênfase à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico, à absorção do 5G, dos avanços da inteligência oficial. Isso é que vai diferenciar os países. E o Brasil não está entre os países que estão dando grande importância a isso. É um problema. Nós temos que corrigir isso». Na entrevista do FIBE Conversa, Barbosa comenta ainda a política de armamentismo, a COP 30 e a indústria da desinformação.  

Marina Costa Lobo

O FIBE Conversa é uma série digital que produz e torna acessível um conteúdo de credibilidade e integridade através de entrevistas a especialistas de renome mundial sobre matérias cruciais debatidas nos fóruns e workshops do FIBE. A terceira temporada tem como cenário o 2º Foro Transformaciones, realizado pelo Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE), em Madrid, nos dias 8 e 9 de maio.  As entrevistas são conduzidas pelo jornalista Jair Rattner, do Público Brasil. O primeiro episódio traz uma conversa com Marina Costa Lobo e o segundo, com Luiz Augusto de Castro Neves; as próximas trazem especialistas como Roberto Azevêdo e Virgílio Almeida.      

Saiba mais sobre o 2º Foro Transformaciones