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“Para se manter um império, tem que possuir tecnologia e aliados”

Soluções tecnológicas para a administração pública e trabalho conjunto entre estados e empresas foram temas discutidos no 2º Foro Transformaciones, em Madrid, nesta sexta (9).

Imagens: FIBE/Alberto Carrasco

A administração pública, no contexto de um mundo em constante e acelerada transformação, enfrenta o desafio de modernizar as suas estruturas para responder eficazmente às novas dinâmicas geopolíticas, econômicas e tecnológicas. Analisando o tema, a professora da Universidade de Lisboa, Elisabete Carvalho; a deputada portuguesa Liliana Reis e a coordenadora das Actividades de Desenvolvimento e Crescimento Empresarial do Gobe Studio, Sofía Silva Carballido.

Liliana Reis falou dos principais desafios que a IA generativa e a modernização tecnológica da indústria 4.0 enfrentam em relação à privacidade e dados biométricos (“os nossos corpos que se tornaram quase senhas”); bem como a vigilância dos estados e o grande dilema “segurança vs liberdade”; além da segurança de dados. “Precisamos assegurar, nesse momento de total digitalização, a preservação da nossa autonomia e manter esferas da nossa vida privada para não serem passíveis de serem controladas pelo estado. Entregamos a nossa soberania individual para os estados”, afirmou Reis.

Em relação a proteger os elementos comentados pela deputada, Carballido abordou como as startups podem ajudar os estados a atingir objetivos de servir ao cidadão. “O estado não tem capacidade de gerar espaço de conhecimento de forma rápida. É necessário buscar a melhor forma de manter o cidadão no foco dos serviços”, disse. “Trabalhamos na Espanha com mais de 12 órgãos públicos como a prefeitura de Madrid, por exemplo, para identificar desafios dentro de suas unidades e buscar soluções tecnológicas para a administração pública”, contou.

Elisabete Carvalho

A professora Elisabete Carvalho comentou o caso dos Estados Unidos. “Os EUA sabem quais são as fragilidades da democracia liberal. Eles sabem que hoje em dia há um enfraquecimento da classe média, uma população que não sente bem-estar no dia a dia, que no final do mês tem uma maior dificuldade em pagar contas. São promessas constantes de um amanhã melhor que não vêm. Por isso, aqueles que prometem mudanças em instituições que não os servem, de acordo com as regras do jogo e utilizando instrumentos já patentes na lei, ganham votos nas urnas”, disse Carvalho. “Tinham essa agenda de transformação no Trump, mas não conseguiram executá-la, porque não era constitucional, e isso o irritou porque era a estratégia deles. (…) Os norte-americanos cuidam dos seus próprios interesses.”

Reis afirmou que os ataques dos EUA às universidades são autofágicos. “As principais iTech são dominadas por potências hegemônicas Para se manter um império, tem que possuir tecnologia e aliados. (…) Não há potência sem aliados. O maior erro dos EUA foi não terem compreendido, por mais domínio do ponto de vista tecnológico, que não há qualquer império no mundo que se mantenha na nossa história sem aliados”, afirmou a deputada portuguesa.

As especialistas foram as convidadas do painel Administración pública: Mordenizar para Reforzar. Mediado por Luciano Fuck, professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), o debate marcou o segundo e último dia do 2º Foro Transformaciones: Un Mundo En Ebullición, nesta sexta-feira (9) em Madrid.