A opinião é de José Juan Ruiz, que compôs painel do 2º Foro Transformaciones, em Madrid, ao lado Raul Jungmann e Wiston Fritsch, com moderação de Lucía Abellán.

“Como estar seguro na nova ordem?” foi a principal questão do painel que abriu, nesta sexta-feira (9), o 2º Foro Transformaciones, realizado pelo Fórum de Integração brasil Europa (FIBE), em Madrid. Abrindo o segundo dia de debates sobre os 100 primeiros dias de 2025, José Juan Ruiz, presidente do Real Instituto Elcano; Raul Jungmann, diretor-Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), e o economista Winston Fritsch. A jornalista Lucía Abellán, redatora-chefe de Internacional do EL PAÍS, mediadora da interação, provocou-os a analisar “Soberanía: ¿Cómo Estar Seguros en el Nuevo Orden?”.

José Juan Ruiz defendeu que a soberania é uma questão também de economia. “Essa ideia de que vamos ser soberanos e autossuficientes nos âmbitos económico, energético, político e cultural é do século 19. Se quisermos que a sociedade prospere, se quisermos ter um futuro mais estável, o melhor é pensar como conseguimos nos unir a outros países que têm valores e regras comuns às nossas. Precisamos chegar a um modelo de cooperação”, destacou Ruiz. “Ninguém ganha nesse jogo de soberania. Para ser soberano, é preciso deixar de ser soberano”, completou.

Raul Jungmann disse ver “uma desordem crescente na governança”, referindo-se ao crescimento do armamento e os conflitos mundiais atuais. “Para obter mais segurança, precisamos de uma reforma sobretudo em termos de segurança da ONU, o que não é fácil”, afirmou. Jungmann citou alguns dos seus piores presságios como o conflito entre Paquistão e Índia, “países atômicos que não estão no TNP (Tratado de não proliferação de armas nucleares)”, Trump ter encerrado o acordo de mísseis intermediários em 2019, e a renovação ou não do Novo Start em fevereiro de 2016.

Por sua vez, Winston Fritsch abordou a definição de soberania: “Soberania não é autarquia. Soberania é a capacidade do país em tomar decisões que considera de interesse nacional. É lutar pelo que é bom para o seu país”. Fritsch disse que o Brasil foi colocado em uma situação completamente multilateral e que a defesa do multilateralismo é a defesa do interesse nacional. O economista afirmou que Donald Trump é “o resultado de uma situação em que os EUA se encontram” e que é uma burrice defender a autocracia. “Ninguém é autárquico. Tem que lutar pelo multilateralismo.”
Jungmann também comentou a soberania alimentar e as disputas por recursos estratégicos, como terras raras e semicondutores: “A segurança alimentar é fortemente dependente desses minerais críticos estratégicos. (…) As terras raras são fundamentais para a defesa e hoje existe uma imensa demanda.”