Keynote speaker do II Fórum Futuro da Regulação, António Costa Silva, ex-ministro da Economia e do Mar da República Portuguesa, falou de movimentos extremistas, alterações climáticas e desafios da inteligência artificial.

António Costa Silva, ex-ministro da Economia e do Mar da República Portuguesa, abriu o primeiro dia de painéis do II Fórum Futuro da Regulação nesta quarta-feira (26), em Lisboa, com um discurso sobre os principais desafios que a humanidade enfrenta nos dias de hoje. Segundo ele, “a regulação não pode ser a vítima colateral das mudanças sísmicas que estão a abalar o mundo”. “O que temos perante os nossos olhos, hoje, é uma crescente fragmentação, uma crescente confrontação das grandes potências mundiais, o comércio como arma de competição estratégica entre as superpotências”, disse.
Costa Silva apontou que uma das grandes invenções da espécie humana, que é o comércio, está sendo desmantelado e citou “a guerra tarifária da parte da administração norte-americana”. “Essa guerra é nociva para o desenvolvimento das economias mundiais. Os chineses já responderam restringindo a exportação das terras raras. (…) Quando há restrição da exportação, há paralisações em todo o lado. É uma situação extremamente difícil”, afirmou.
Confira a programação completa do II Fórum Futuro da Regulação
O ex-ministro português da Economia e do Mar também falou do impacto da inteligência artificial generativa, que será dez vezes mais rápida do que a Revolução Industrial por conta de suas transformações exponenciais. “A competição desenfreada entre as maiores potências mundiais com base em nacionalismo agressivo só conduz para o caminho do desastre, com a demonização do outro, a hostilização dos imigrantes, que são diferentes na cor de pele e nas convicções. (…) Temos que saber lidar com os movimentos extremistas para manter a democracia”.
Costa Silva disse que é preocupante o comportamento errático do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “como se fosse um reality show contínuo”. “Ele desafia os tribunais, viola a lei, desafia o Congresso dos EUA, mobiliza a guarda nacional para invadir Estados comandados por democratas”, afirmou. Para o ex-ministro português, Trump é um dos responsáveis pelo declínio da cooperação entre as grandes potências para resolver a questão das alterações climáticas, por exemplo. Costa Silva lembrou da importância do papel dos reguladores e afirmou que “2026 será um ano chave para vermos como tudo isso vai evoluir”.

Boas-Vindas

Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal, e o constitucionalista Vitalino Canas, presidente do Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE), abriram o II Fórum Futuro da Regulação na tarde desta quarta-feira (26). Vitalino Canas mencionou a importância dos diversos temas que os convidados vão abordar nos três dias de painéis, na Academia das Ciências de Lisboa. Lembrou que foi no mesmo Salão Nobre em que são realizados os debates que o FIBE foi instituído como associação, em 2021.
Por sua vez, o embaixador Raimundo Carreiro mencionou os desafios sem precedentes impostos pelas alterações climáticas. Carreiro citou ainda o enorme potencial do Direito Regulatório. “As agências reguladoras tornam-se verdadeiros ambientes de inovação e experimentação institucional”, defendeu.