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“Duetos Pantanal” revela quotidiano da documentação 

Live entre Raquel Barata e Mônica Guimarães, com mediação da jornalista Amanda Lima, foi exibida no ambiente da exposição Água Pantanal Fogo. Assista.  

À primeira vista parece um tema técnico, mas o segundo Duetos Pantanal prova que Documentar novas realidades é actual e transversal. Inspirado pela exposição Água Pantanal Fogo, que esteve no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, essa edição especial do Duetos – Diálogos Além-Mar reuniu duas profissionais que vivem o quotidiano da documentação, de forma prática: Mônica Guimarães, brasileira que coordena o Documenta Pantanal, e Raquel Barata, portuguesa que coordena o Núcleo Educativo e de Exposições dos Museus da Universidade de Lisboa. Com moderação da jornalista Amanda Lima, editora chefe do Diário de Notícias Brasil, a live do Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) abordou os desafios de documentar como um alerta sobre o presente, garantindo um futuro melhor.  

Amanda Lima, Raquel Barata e Mônica Guimarães no Duetos Pantanal. Foto: Líbia Florentino

A conversa, disponível no YouTube do FIBE, desde o passado dia 1º, passeou por desafios correlatos ao ato de documentar «ou de trazer questões da realidade para o coletivo», como definiu Mônica Guimarães. «No sentido coletivo, documentar é impactar. Eu tenho visto isso acontecer de verdade: criar um alerta para o que está acontecendo e dar por conhecer. No recorte da exposição Água Pantanal Fogo, por exemplo, ler uma matéria de jornal é diferente de visitar uma exposição, quando você é tomado pela informação e pode contribuir para uma mudança de paradigma até, caso você se engaje». 

Raquel Barata concorda que a documentação do passado e do presente tem o poder de chamar a atenção para temas que habitualmente não estão no quotidiano de quem os vê. «Isto tem a ver com a minha investigação particular, e percebo que é muito fácil as pessoas serem a favor ou contra questões, mas é muito difícil os comportamentos mudarem. E, portanto, tem-se que arranjar novas formas e vamos acabar por falar também das novas tecnologias, pois certamente o modo como as informações correm hoje é um desafio», completa, referindo-se não apenas a formas de engajar as audiências, mas também ao momento de desinformação. A ética foi outro ponto abordado: qual o limite de preservação do ser humano quando se mostra, numa exposição ou num documentário, o que o público geralmente não veria?  

Vitalino Canas comenta o Duetos Pantanal. Foto: Líbia Florentino

Ao finalizar o Duetos Pantanal, o presidente do FIBE, Vitalino Canas, ressaltou que «as realidades mudam muito rapidamente e necessitam de ser compreendidas para serem bem documentadas ou não serão compreendidas no futuro». Para o presidente do FIBE, esse entendimento requer a mão humana, em vez desinformação ou inteligência artificial. «Também aí temos de existir, como, aliás, Água Pantanal Fogo demonstra – não é uma exposição que poderia ter sido criada por uma inteligência artificial generativa. De facto, além de mostrar as coisas como elas são, é preciso criar sentimento em relação a elas», finalizou.  

O Duetos Pantanal: Documentar novas realidades marcou a segunda ocupação da exposição pelo projeto Duetos – Diálogos Além-Mar. A série de lives exibida pelo FIBE no YouTube já se desdobrou no Duetos Pantanal: Artivismo, no passado 16 de abril. Desde então, cerca de 50 mil pessoas visitaram a crónica visual posta em Água Pantanal Fogo. A exposição com fotografias de Lalo de Almeida e Luciano Candisani estreou na Europa, em Hamburgo, levando também 16 mil visitantes ao International Maritime Museum em fevereiro e março. Um ano antes, foi apresentada em São Paulo para um público de 15 mil visitantes. A curadoria é de Eder Chiodetto. A realização é do Documenta Pantanal.