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“Duetos Pantanal” terá conversa entre Lalo de Almeida e Luciano Candisani com moderação de Rita Marrafa de Carvalho

Museu Nacional de História Natural e da Ciência receberá Água Pantanal Fogo, com fotografias de Lalo de Almeida e Luciano Candisani. A exposição se desdobrará em mostra de cinema e série de diálogos exibidos no YouTube.

Uma das 40 fotografias de autoria de Lalo de Almeida na exposição Água Pantanal Fogo.

Uma crónica visual sobre a vida e a morte está posta na exposição Água Pantanal Fogo. Um ano depois de estrear-se em São Paulo, para um público de 15 mil visitantes, a mostra-manifesto aterrou na Europa, em fevereiro, para apresentar, com a força dos paradoxos tão bem refletidos na fotografia, a exuberância e a tragédia na maior planície inundável do planeta, o Pantanal. Após temporada de dois meses no International Maritime Museum Hamburg, na Alemanha, a chegada a Lisboa será no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (Muhnac). 

Lalo de Almeida.

A vernissage será no dia 16 de abril e a exposição de cerca de 80 imagens dos fotodocumentaristas Lalo de Almeida e Luciano Candisani seguirá até 6 de julho de 2025. Na capital portuguesa, a advertência de Água Pantanal Fogo também se desdobrará na mostra Cine Tuiuiú: cinema do Pantanal, o nosso tempo, com exibição de filmes documentais na Casa do Comum, a partir do dia 17, bem como no Duetos Pantanal. A série de lives exibida pelo Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE) no YouTube começará com uma conversa sobre Artivismo, entre os fotodocumentaristas brasileiros. A moderação será da jornalista Rita Marrafa de Carvalho.

A exposição Água Pantanal Fogo reúnirá, na maior sala do MNHNC, as fotografias de curadoria de Eder Chiodetto, algumas em painéis de grande dimensão. As imagens foram inspiradas por contrapontos extremos: a fauna e a flora do bioma do Brasil e os incêndios alastrados na região entre 2020 e 2024. Realizada pela iniciativa Documenta Pantanal, a exposição fotográfica revela a mestria técnica dos autores, mas não só: foram registadas em momentos completamente inóspitos. 

Uma das 40 fotografias de autoria de Luciano Candisani na exposição Água Pantanal Fogo.

O curador Eder Chiodetto destaca que, para obter o resultado exposto nessa mostra, os dois criaram logísticas complexas e se expuseram a vários tipos de perigo. «É em trabalhos como esses, que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo», opina.

Luciano Candisani.

LEIA TAMBÉM: FIBE apoia a exposição Água Pantanal Fogo

Luciano Candisani apontou as suas lentes para a vida ao redor das águas na maior planície alagável do planeta, durante as imponentes cheias pantaneiras de 2012 a 2021. Caracterizadas por uma rara combinação de excelência técnica e expressividade, as imagens submersas, terrestres ou aéreas testemunham a imponência da água e a resiliência da vida. Um cenário adverso que é a preferência deste fotógrafo, especializado em captar ecossistemas do mundo.  

Quando o Pantanal foi quase mais fogo do que água, em 2020, Lalo de Almeida deu foco à morte de milhões de animais e da vegetação nativa, num incêndio de grande intensidade. Uma área de quase 45 mil quilômetros quadrados foi queimada, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e Lalo de Almeida denunciou parte desta devastação com um impactante poder de síntese. Intitulada Pantanal em Chamas, a série de dez fotos registradas, então, foi distinguida com o prestigioso prémio World Press Photo, na categoria Meio Ambiente. 

A exposição Água Pantanal Fogo tem o apoio do BTG, Itaú, Rodobens, CSN, FIBE e RTP.

Aceda ao tour virtual da exposição 

PROGRAMA PARALELO 

O artivismo de Bordaloii.

O Duetos Pantanal terá como tema o artivismo. Numa realização do Documenta Pantanal com o FIBE, Lalo de Almeida e Luciano Candisani trocarão reflexões e experiências sobre a ideologia que move as suas expressões artísticas.  Para assistir ao Duetos Pantanal, aceda ao www.youtube.com/c/forumbrasileuropa, no dia 16 de abril. 

O Cine Tuiuiú: cinema do Pantanal, o nosso tempo estreia na Casa do Comum, no dia 17 de abril, com as obras Pantanal, Planície das Águas, de Lygia Barbosa da Silva (45’), e Fogo Pantanal Fogo, de Sandro Kakabadze (41’). A segunda e demais sessões serão às quartas-feiras, sempre às 19h, com entrada gratuita. No encerramento, será exibido o documentário Ruivaldo, O Homem Que Salvou A Terra, de Jorge Bodansky, que deu origem à iniciativa Documenta Pantanal. 

Cocurador da Cine Tuiuiú: cinema do Pantanal, o nosso tempo, Miguel Ribeiro, da Casa do Comum, explica que procurou convocar filmes que «a partir de diversos dispositivos formais, relacionassem a prática cinematográfica com um gesto de apelo a uma mobilização face a alterações territoriais – seja por alterações de ordem ecológica, seja por consequência directa de acções provenientes de execução governamental ou económica».

Sobre Rio Torto, de Mário Veloso, e River Rites, de Ben Russell,  que estão no cartaz da segunda sessão da mostra, no dia 23 de abril, às 21h30, Miguel Ribeiro comenta: «o Mário Veloso filma a aldeia da avó e contrasta alguns testemunhos orais e cantados onde a memória de um rio, que hoje está poluído, foi em tempos central à prática agrícola e à distribuição de água na aldeia». Filmado no Suriname, River Rites foi definido como «uma celebração das relações simbióticas entre esta comunidade e o rio da sua aldeia numa invenção cinematográfica que, no programa da Cine Tuiuiú, traz o aspecto do imaginário e da magia que considero importante naquilo que podem ser as relações entre o humano e o natural». A lista completa dos filmes está na agenda da Casa do Comum: www.casadocomum.org.

  • Água Pantanal Fogo

Museu Nacional de História Natural e da Ciência 
De 16 de abril a 6 de julho de 2025
Rua da Escola Politécnica 56 58 Lisboa 1250-102
Bilhetes: museus.ulisboa.pt/

  • Cine Tuiuiú: cinema do Pantanal, o nosso tempo

Casa do Comum 
De 17 de abril a 2 de julho de 2025
Rua da Rosa 285, Bairro Alto. Lisboa 
Sessões gratuitas

  • BIOGRAFIAS

Lalo de Almeida (São Paulo, 1970)
Estudou fotografia no Instituto Europeo di Design de Milão, em Itália. Há 30 anos colabora para o jornal Folha de S. Paulo, no qual desenvolve narrativas multimídias premiadas, como Um Mundo de Muros, Desigualdade Global, A Batalha de Belo Monte e Crise do Clima. Em 2021, a sua série de fotografias Pantanal em Chamas foi premiada em primeiro lugar na categoria Meio Ambiente no World Press Photo. No mesmo ano, foi escolhido como Fotógrafo Ibero-Americano do Ano pelo POY (Pictures of the Year) Latam. Desenvolveu trabalhos de documentação fotográfica como o projecto Distopia Amazônica, que recebeu o Eugene Smith Grant in Humanistic Photography e foi o vencedor global na categoria Projetos de Longo Prazo no World Press Photo, em 2022.

Luciano Candisani (São Paulo, 1970)
Fotógrafo e autor brasileiro dedicado a temas etnográficos e ambientais. Formado em Oceanografia Biológica, pela Universidade de São Paulo – USP, começou sua carreira fotografando o ambiente submarino no Oceano Austral, em 1995. Sua obra trata sobre populações tradicionais, natureza e conservação de ecossistemas e espécies ao redor do mundo. Trabalhou em 40 países, incluindo as regiões do Ártico e Antártica. Suas fotografias aparecem em livros autorais, revistas e exposições no Brasil e exterior. Autor de sete livros fotográficos, faz parte do coletivo The Photo Society, grupo exclusivo de  fotógrafos publicados na edição principal da revista National Geographic. Também integra a International League of Conservation Photographers (ILCP), que tem a missão de promover a proteção de ambientes e populações ameaçadas por meio da fotografia e do cinema.

Eder Chiodetto (São Paulo, 1965)
É curador de fotografia independente, publisher da editora de fotolivros Fotô Editorial e diretor do Centro de Estudos Ateliê Fotô. Foi curador de fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2005 – 2021) e mentor do programa Arte na Fotografia, no canal Arte1. Como curador, já realizou mais de 180 exposições no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. É autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify, 2002, vencedor do Prêmio Jabuti 2004), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc, 2011), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô / Funarte, 2013), Ser Diretor (Ateliê Fotô, 2018), entre outros. Realizou as curadorias das mostras Outros Navios: Fotografias de Eustáquio Neves (Sesc Ipiranga e Sesc Rio Preto, respetivamente em 2022 e 2023); Água Pantanal Fogo (Instituto Tomie Ohtake, 2024) e Claudia Andujar: Cosmovisão (Itaú Cultural, 2024).

Documenta Pantanal
O Documenta Pantanal é uma iniciativa que conecta profissionais de áreas diversas, comprometidos com a urgência de tornar as fragilidades e as riquezas do Pantanal Mato-Grossense mais conhecidas do público. A instituição cria, provoca e apoia ações e conexões para mapear a cultura da região, apontar soluções de preservação e gerar recursos de proteção para o desenvolvimento de campanhas que mobilizem e expandam parcerias para responder a situações emergenciais e crônicas do Pantanal, de incêndios criminosos à perda hídrica. A iniciativa apoia e produz a realização de documentários que retratam o Pantanal de forma original e aprofundada, ampliando a oferta de obras com potencial de circulação e sensibilização.