Notícia FIBE

Poesia anti-facista, imigração e música no “Duetos” com Ana Deus e Luca Argel 

Assista, na íntegra, ao concerto conversado realizado pelo FIBE no Instituto Pernambuco Porto.  

Os artistas Ana Deus e Luca Argel dividiram o palco do Instituto Pernambuco Porto (IPP), no passado dia 27. Não foi a primeira vez. A parceria dos dois tem quase uma década e começou quando a cantora e compositora portuguesa, voz inconfundível dos Três Tristes Tigres, telefonou ao cantor e compositor brasileiro, de hits como Quem Foi?, semifinalista do Festival da Canção 2025. A estreia do projecto Duetos – Diálogos Além-Mar no Norte de Portugal foi, no entanto, a primeira vez em que falaram juntos, para plateia que lotou o auditório do IPP, sobre o contexto social que é tão caro para as canções de ambos.  

Com moderação do musicólogo e historiador Ivan Lima e intitulado A cantar é que a gente se fala, o primeiro Duetos no Porto foi um concerto conversado. Com pouco mais de 1h de duração, entre poemas musicados (e também lidos) de Fernando Pessoa, bem como os seus heterónimos, já visitados por Ana e Luca no projecto Ruído Vário, temas como imigração, ADN, viver de música e luta social foram abordados. «A cantiga, como diria o Zé Mário Branco, nos anos 1970, é uma arma?», provocou o moderador numa das perguntas.  

«A cantiga pode ser uma arma, de alguma forma, mas uma arma mais subtil, digo eu», respondeu Ana Deus, citando o exemplo, dos Mão Morta, «que sempre fizeram música de protesto e foram adorados, mas, de repente, fizeram um disco muito mais declaradamente, porque é preciso, antifascista e contra os novos tiranos e começaram a sofrer». Para a artista de Santarém, de onde as colunas militares marcharam até Lisboa, o protesto musical precisa «levar ao engano».  

Luca Argel tem a opinião de que a resposta parece simples, mas que o próprio Zé Mário Branco não cantou que «a cantiga é uma arma e ponto. Dizia, depois, que depende da pontaria, da raiva. Será que o caminho é ser arma?», devolveu Luca. «Acho que a serventia política da canção não é nunca de protagonismo, esse papel cabe à política do chão de fábrica, mas a canção pode ser uma sensibilização, um complemento de movimento social. Me incomoda um pouco a atitude do ativista da cultura que se coloca como vanguarda do movimento, que eu acho que não é esse não é esse lugar».  

O Duetos – Diálogos Além-Mar é o projecto de viés cultural do Fórum de Integração Brasil Europa – FIBE, patente desde 2021. Saiba mais aqui.  

Assista aqui à live do Duetos – A cantar é que a gente se fala