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Rubens Barbosa: “Posse de Trump nos colocou em uma nova era”

O 2º Foro Transformaciones: Un Mundo en Ebullición começou na manhã desta quinta (8) em Madrid

Imagens: FIBE/Alberto Carrasco

A postura da nova liderança dos Estados Unidos abriu o 2º Foro Transformaciones na manhã desta quinta-feira (8) na Fundación MAPFRE, em Madrid. O constitucionalista Vitalino Canas, presidente do FIBE e moderador da primeira conversa do dia, intitulada De Repente el Mundo en Ebullición, afirmou que a questão das tarifas não é nova e que é um desafio que cabe à Europa tentar criar uma base de confiança e encontrar um ponto de equilíbrio com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. “Existem problemas sérios nos Estados Unidos da América. Há coisas que os EUA não podem ignorar, como o fato de que 50% dos smartphones comprados nos EUA são iPhones e 80% dos iPhones são produzidos na China”, disse.

Vitalino Canas

“É necessário criar uma racionalidade que seja benéfica para todos”, concluiu Canas ao passar a palavra para Trinidad Jiménez, ex-ministra das Relações Exteriores e Cooperação de Espanha, que apontou que há uma urgência para definir uma nova ordem global. “O surgimento de Trump no cenário internacional com as suas primeiras decisões nos obrigam a buscar novas alianças, não somente comerciais, e repensar o mundo do ponto de vista das parcerias políticas”, disse Jiménez. “Os BRICS querem ter um papel nesse cenário global, que tem a ver também com poder político, econômico e social. Não queremos a polarização do conflito”, afirmou.

Trinidad Jiménez também defendeu que a parceria entre a Europa e a América Latina, com o Brasil na liderança, é fundamental e que é necessário aproveitar essa oportunidade para reforçar laços: “Não podemos deixar que a narrativa de Trump se imponha. As imigrações podem ser uma solução. Pelo menos é uma solução para a Europa. Precisamos dos movimentos migratórios.”

Trinidad Jiménez

Para Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington D.C. e presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), a posse de Donald Trump colocou o mundo em uma nova era “tanto econômica quanto política”. “É o fim de um sistema comercial organizado baseado em regras, que era previsível. Hoje já não há previsibilidade”, disse Barbosa. “É impossível terminar com a globalização, mas há ajustes que já estão ocorrendo. O comércio mesmo está se reconfigurando”, continuou.

“Uma medida que chamou muito a minha atenção (…) é a decisão de taxar um imposto pesado nos navios fabricados na China que chegam nos portos americanos. Isso vai repercutir nos produtos que estão no navio e é uma medida de caráter profundamente impactante”, afirmou o embaixador. “Ocorreu agora uma reversão de alianças com a Europa, apoiando a Rússia na guerra da Ucrânia, isso é uma mudança de 80 anos”, diz Rubens Barbosa.

ABERTURA: “Crises, como a que vivemos, exigem coragem e responsabilidade

“Vivemos uma era de grandes transformações e o FIBE também está transformado, consagrando-se como um espaço para troca de opiniões e de ideias. Não apenas os Estados Unidos, mas o mundo inteiro mudou e a nossa proposta é discutir para onde vamos a partir daí”, iniciou José Roberto Afonso, vice-presidente do Fórum de Integração Brasil Europa (FIBE).

Com uma trajetória de 33 anos na diplomacia brasileira, Orlando Leite Ribeiro, embaixador do Brasil na Espanha, afirmou que encontros como o fórum são particularmente relevantes por oferecer respostas sistêmicas a desafios cada vez mais conectados: “Crises, como a que vivemos, exigem coragem e responsabilidade. Tudo que existe não precisa evaporar por completo.”

Mariano Jabonero, secretário geral da OEI, falou que o Brasil é o país onde a organização já realizou o maior número de projetos de cooperação e citou a COP30. “É um desafio para uma região que acredita no meio ambiente, na sustentabilidade, na diversidade étnica e linguística”.

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Conselho Consultivo do FIBE, comentou a importância dos temas a serem abordados no 2º Foro Transformaciones, principalmente do avanço das tecnologias, e completou que “é necessário pensar o ciberespaço com uma certa cautela constituicional, afinal, o contexto exige atenção para as consequências sociais e econômicas e para as decisões tomadas em um mundo em ebulição”.